Os
sobreviventes são as últimas testemunhas do inferno das trincheiras, símbolo da
Primeira Guerra, dificilmente imaginável atualmente, com seus combates
esporádicos, ataques com gás, bombardeios de artilharia cada vez mais
violentos, os ataques com lança-chamas e, sobretudo, o terror presente e
constante da morte neste primeiro grande massacre a nível industrial. Segue abaixo relatos reais de alguns combatentes:
“Quando você ouve o sibilo cada vez mais
próximo todo o seu corpo encolhe-se preventivamente preparando-se para a enorme
explosão. Cada nova explosão é um novo ataque, uma nova fadiga, uma nova
aflição. Mesmo os nervos daqueles feitos de aço não são capazes de suportar com
tal tipo de pressão. O momento vem quando o sangue explode na sua cabeça, a
febre ferve no interior do seu corpo e os nervos, entorpecidos pelo cansaço,
não são capazes de reagir a mais nada. É como se você estivesse preso a um
poste, amarrado por um homem com um martelo... é difícil até rezar para Deus.”
“Nas trincheiras, não tinha outra
ocupação além de escrever e conversar com meus colegas. A 300 metros, os mortos
ficavam deitados. Todos têm que admitir que não há nada mais terrível do que a
guerra.”
“Eu não tomava banho durante semanas,
não podia usar a pouca água de beber que recebo em meu cantil para fins de
limpeza.”
“Os soldados do fronte começaram a ficar
insensíveis, apáticos, de tanto verem os corpos sem cabeças, sem pernas,
atingidos no estômago, trespassados na testa, com buracos no peito,
dificilmente reconhecidos, pálidos e sujos, em meio à lama marrom-amarelada que
cobre inteiramente o campo de batalha.”
“Uma
certa ferocidade surge dentro de você, uma absoluta indiferença para com tudo o
que existe no mundo, exceto o seu dever de lutar. Você está comendo uma crosta
de pão, e um homem é atingido e morto na trincheira perto de você. Você olha
calmamente para ele por um momento e continua a comer o seu pão.”
“Lama, calor, sede, sujeira, ratos, o
doce cheiro dos corpos, o repugnante cheiro dos excrementos e o terrível
medo... sinto que temos que ir para o ataque, e isso justo quando ninguém tem
mais vigor.”
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