segunda-feira, 11 de maio de 2015

RELATOS DE SOBREVIVENTES DAS TRINCHEIRAS


Os  sobreviventes são as últimas testemunhas do inferno das trincheiras, símbolo da Primeira Guerra, dificilmente imaginável atualmente, com seus combates esporádicos, ataques com gás, bombardeios de artilharia cada vez mais violentos, os ataques com lança-chamas e, sobretudo, o terror presente e constante da morte neste primeiro grande massacre a nível industrial. Segue abaixo relatos reais de alguns combatentes:


“Quando você ouve o sibilo cada vez mais próximo todo o seu corpo encolhe-se preventivamente preparando-se para a enorme explosão. Cada nova explosão é um novo ataque, uma nova fadiga, uma nova aflição. Mesmo os nervos daqueles feitos de aço não são capazes de suportar com tal tipo de pressão. O momento vem quando o sangue explode na sua cabeça, a febre ferve no interior do seu corpo e os nervos, entorpecidos pelo cansaço, não são capazes de reagir a mais nada. É como se você estivesse preso a um poste, amarrado por um homem com um martelo... é difícil até rezar para Deus.”
“Nas trincheiras, não tinha outra ocupação além de escrever e conversar com meus colegas. A 300 metros, os mortos ficavam deitados. Todos têm que admitir que não há nada mais terrível do que a guerra.”

“Eu não tomava banho durante semanas, não podia usar a pouca água de beber que recebo em meu cantil para fins de limpeza.”


“Os soldados do fronte começaram a ficar insensíveis, apáticos, de tanto verem os corpos sem cabeças, sem pernas, atingidos no estômago, trespassados na testa, com buracos no peito, dificilmente reconhecidos, pálidos e sujos, em meio à lama marrom-amarelada que cobre inteiramente o campo de batalha.”


“Uma certa ferocidade surge dentro de você, uma absoluta indiferença para com tudo o que existe no mundo, exceto o seu dever de lutar. Você está comendo uma crosta de pão, e um homem é atingido e morto na trincheira perto de você. Você olha calmamente para ele por um momento e continua a comer o seu pão.”

“Lama, calor, sede, sujeira, ratos, o doce cheiro dos corpos, o repugnante cheiro dos excrementos e o terrível medo... sinto que temos que ir para o ataque, e isso justo quando ninguém tem mais vigor.”

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